Victória Grabois

Victória é filha de Maurício Grabois, reorganizador do PCdoB e comandante da Guerrilha do Araguaia e da advogada comunista, Alzira da Costa Reis. Além do pai, ela perdeu o irmão, André Grabois, e o marido, Gilberto Olímpio, para a ditadura civil-militar brasileira.

A família Grabois foi obrigada a viver na clandestinidade desde o início do Golpe Militar de 1964. Nesse mesmo ano foi expulsa da Faculdade Nacional de Filosofia, onde estava cursando Ciências Sociais. Munida de documentos com outro nome, fez o exame supletivo na rede estadual de ensino de São Paulo e vestibular em Letras. Participou do Programa Nacional de Alfabetização do método Paulo Freire em 1963 e foi anistiada por força do artigo 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição da República em 17 de março de 1994.

Victória participou do processo protocolado na 1ª Vara da Justiça Federal/DF por 22 familiares de mortos e desaparecidos políticos em 1982 que buscavam os corpos dos guerrilheiros do Araguaia. Após 16 recursos protocolados pelo governo federal, a juíza da ação Solange Salgado proferiu uma sentença favorável aos autores.

Militou no Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA) e no Fórum Feminista/RJ. Em 1984, com outras mulheres fundou a Associação Liberdade Mulher e foi Conselheira do Conselho Estadual da Mulher (Cedim) de 1996 a 1999.

Participou da equipe coordenadora do projeto de pesquisa “Violência Estatal e Lutas Sociais: a Constituição da Mulher como Sujeito”, desenvolvido no núcleo de pesquisas GECEM, vinculado a Escola de Serviço Social da UFRJ e coordenado pela Professora Dra. Suely Souza de Almeida. Durante o Projeto colaborou na organização do livro “Violência Estatal e Experimentos de Resistência na Vida Social Brasileira”.

Foi Assessora Pedagógica do Centro de Referência de Mulheres da Maré, projeto vinculado ao Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos. Trabalhou como Pesquisadora e Coordenadora do Projeto DH em Tela do NEPP/DH/UFRJ.

Durante as comemorações dos 100 anos (2012) do nascimento de seu pai lançou o livro: “Maurício Grabois – meu pai”.

Membro da Diretoria Colegiada do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM/RJ), Victória Grabois afirma que só conseguirá perdoar o Estado brasileiro no dia que souber o paradeiro dos corpos dos desaparecidos políticos: “Nunca perdoarei o Estado brasileiro, lutarei sempre para que o Estado informe sobre as circunstâncias das mortes dos 70 guerrilheiros do Araguaia”.